MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIAS: O USO DE QR CODES
EM AULAS DE CIÊNCIAS
Resumo: O presente trabalho apresenta o material didático elaborado a partir da
temática meio ambiente utilizando-se das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs), especialmente do uso de QR Codes, para desenvolver
atividades didáticas em aulas de Ciências em uma escola pública de ensino
fundamental do município de Dom Pedrito/RS. O objetivo do trabalho é significar as
experiências vivenciadas em sala de aula, a partir da realidade escolar atual utilizando-se
de espaços escolares como salas de informática e multimídia e do uso de
celulares, câmeras digitais e outros aparelhos tecnológicos. O planejamento das ações visou propor o material
didático a partir da utilização de QR Codes e de vídeos produzidos pelos
estudantes, contribuindo para a construção do conhecimento escolar sobre o meio
ambiente.
Palavras-chave: Meio ambiente; Tecnologias; Material didático.
Introdução
Este trabalho trata do
desenvolvimento de material didático a partir da temática ambiental, geralmente
abordada através de conteúdos fragmentados nas escolas e relacionados à
Ecologia e que, muitas vezes, não possuem significação para os estudantes.
Desse modo, no Rio Grande do Sul é significativo conhecer o bioma pampa, sua
flora e fauna características. Portanto, o objetivo deste trabalho é significar as
experiências vivenciadas em sala de aula, a partir da realidade escolar atual
na qual a escola dispõe de salas de informática e multimídia e os estudantes se
utilizam de celulares, câmeras digitais e outros aparelhos tecnológicos a todo
instante. Combinando à grande curiosidade dos estudantes e a sua capacidade de
utilizar as TICs, se propôs as atividades sobre o meio ambiente através do uso delas
para contribuir no processo de ensino e de aprendizagem.
De acordo com a ideia de que a educação ambiental vai além de
conceitos teóricos sobre o meio ambiente e a preservação da natureza, é
oportuno tornar os estudantes sujeitos conscientes e capazes de entender a
complexidade do mundo que os cerca.
Essa ideia fica elucidada na citação de LINDNER (2012, p. 15):
O sistema educacional deve buscar ações e
estratégias para que as pessoas entendam as relações atuais de produção e consumo,
bem como as futuras implicações, decorrentes da continuidade da utilização dos
recursos naturais até a exaustão, que causariam irreversíveis problemas na
manutenção da vida em nosso planeta.
O uso das
TICs corrobora para que a educação ambiental seja abordada de forma diferente
na escola. Utilizando-se das TICs os estudantes são estimulados a fazer uma
reflexão crítica que favoreça, na prática, a busca da conscientização e da
formação de cidadãos comprometidos com as questões ambientais da atualidade.
Segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):
A necessidade de que a educação trabalhe a
formação ética dos alunos está cada vez mais evidente. A escola deve assumir-se
como um espaço de vivência e de discussão dos referenciais éticos, não uma instância
normativa e normatizadora, mas um local social privilegiado de construção dos
significados éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de
cidadania... (PCNs, 1998, p.16)
Os PCNs
abordam a temática ambiental contextualizada com a educação e questão ambiental
possibilitando aos estudantes novas formas de pensar e agir, buscando “novos
caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e
relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e,
ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica” (PCNs, 1998, p. 180).
Assim, de acordo com os PCNs
fica evidente a importância de educar os
brasileiros para que ajam de modo responsável e com sensibilidade, conservando
o ambiente saudável no presente e para o futuro; saibam exigir e respeitar os
direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como internacional; e
se modifiquem tanto interiormente, como pessoas, quanto nas suas relações com o
ambiente. (PCNs, 1998, p. 181)
Consequentemente, a partir das ideais propostas nos PCNs surgiram
algumas perguntas que nortearam a elaboração do trabalho: (1) como orientar
possíveis ações na escola que proporcionem o uso das TICs para conscientizar os
estudantes da importância da preservação ambiental? (2) como verificar se o uso
das TICs influencia no processo de ensino e de aprendizagem e na vivência dos
estudantes sobre a temática ambiental? (3) como utilizar as TICs para abordar o
tema meio ambiente e proporcionar uma participação efetiva dos estudantes?
A partir das questões levantadas sobre o tema meio ambiente elaborou-se
o material didático utilizando-se dos vídeos produzidos pelos
estudantes e do emprego dos QR Codes. Logo, para elucidar os questionamentos
levantados, a partir da vivência sobre meio ambiente e TICs na atividade
desenvolvida e na prática docente na escola, espera-se apresentar uma
possibilidade do uso das TICs no processo ensino e de aprendizagem nas aulas de
Ciências do ensino fundamental.
Nessa perspectiva, LEFF (2002) salienta que o saber ambiental não se
constitui em um saber homogêneo, sendo um saber estabelecido na relação com o
objeto e o campo temático das diversas áreas de conhecimento; definindo-se
então uma temática ambiental em cada da área ciência, abrindo espaço para a
interdisciplinaridade e a formulação de novas teorias, disciplinas e técnicas.
Desenvolvimento das atividades
As atividades aqui relatadas foram desenvolvidas no primeiro semestre de
2018, na escola estadual de ensino fundamental Professora Heloisa Louzada, no
município de Dom Pedrito/RS, através da participação dos alunos do 9º ano nas aulas
de Ciências.
A temática ambiental surgiu a partir da necessidade de relacionar o tema
meio ambiente e as TICs, visto que a escola dispõe de um laboratório de
informática para ser utilizado pelos alunos e que os mesmos têm acesso a uma
infinidade de aparelhos tecnológicos.
A proposta foi embasada na necessidade de se rever a conduta dos
estudantes em relação ao meio ambiente. Isso fica respaldado nos PCNs:
A principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir
para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e
da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com
formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um
grande desafio para a educação. (PCNs, 1998, p. 187)
A primeira atividade realizada nas aulas de Ciências, relacionada ao
meio ambiente e usando das TICs, refere-se à construção de vídeos pelos alunos
utilizando programas como o Movie Maker.
Nessa atividade, inicialmente foram apresentados dois vídeos sobre Educação
Ambiental: Desenvolvimento Sustentável – Vídeo de Educação Ambiental[2]
e Animação – Homem Capitalista[3].
Após, lançaram-se questões sobre a importância da preservação do meio ambiente.
A partir dos questionamentos levantados, os alunos expuseram suas ideias.
Posteriormente, foi lançado o desafio para que os estudantes montassem um
pequeno vídeo sobre o tema. Para isso, eles podiam usar filmagens e fotos
próprias ou imagens da internet. O vídeo deveria conter título, imagens, frases
de conscientização e a identificação dos estudantes.
Os
vídeos foram pensados para acompanhar as percepções dos estudantes sobre a
temática meio ambiente, nos quais os estudantes poderiam expressar suas ideias
e sua criatividade, pelo caráter pedagógico que as mídias podem ter. De acordo
com Resende (2008, p. 1 apud SILVA et.al., 2012, p. 189), os recursos
audiovisuais utilizados como ferramenta didática vêm sendo incorporados ao
ensino de Ciências e gerando pesquisas e publicações sobre a produção de filmes
e vídeos sobre temas científicos. Assim, “a prática do uso do vídeo como
recurso pedagógico traz a possibilidade de utilizar não somente palavras, mas
também imagens” (Marcelino-Jr. et al.,
2004 apud SILVA et.al., 2012, p. 192), pois,
o vídeo traz uma forma multilinguística de superposição de
códigos e significações, predominantemente audiovisuais, apoiada no discurso
verbal-escrito, partindo do concreto, do visível, do imediato. A linguagem
audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas, pois solicita
constantemente a imaginação. (SILVA et.al.,
2012, p. 192)
Na elaboração dos vídeos participaram 37 alunos do 9º ano e foram
produzidos 16 vídeos que tratam da natureza, da preservação do meio ambiente e
de prejuízos causados pela falta de conscientização da população. Os vídeos
foram produzidos pelos estudantes em grupos de até 4 componentes e tiveram
duração máxima de 5 minutos. Os vídeos feitos pelos estudantes foram hospedados
no YouTube e transformados em QR Codes e podem ser acessados utilizando-se um
leitor específico para esses códigos.
O exemplo a seguir é o resultado de um dos QR Codes produzidos e
utilizados como material didático a
partir da temática ambiental:
Figura
1
– QR Code sobre Meio Ambiente.
Fonte:
Acervo pessoal.
Posteriormente, os QR Codes – com a finalidade de serem acessados por
qualquer pessoa que tenha acesso a esses códigos – foram expostos no saguão da
escola para serem lidos pela comunidade escolar durante a semana de aniversário
da escola que ocorreu no mês de junho.
Os relatos aqui apresentados contam com um registro fotográfico sobre as
atividades desenvolvidas, bem como são apresentados a seguir os links de alguns
dos vídeos produzidos: youtu.be/ErdMFOEw6C4, youtu.be/cukIPGe7P0g, youtu.be/o_J-Cm4eP90 e youtu.be/N6A7TUbUI_c.
Figura
2 – Estudantes lendo os QR Codes sobre Meio
Ambiente.
Fonte:
Acervo pessoal.
Para realizar atividades como a proposta neste trabalho, o professor
precisa conhecer e saber utilizar as TICs. Portanto, para MORAN (2012), o
professor precisa aprender a elaborar diversos planejamentos didáticos para
atender aos diferentes momentos de aprendizagem, tendo o cuidado de deixar os
estudantes que estão familiarizados com as TICs irem além; lançando desafios e
ao mesmo tempo oportunizando-as àqueles que não têm acesso ao uso básico das
ferramentas. O autor descreve essa ideia no trecho a seguir:
Estamos caminhando para um conjunto de situações de educação plenamente
audiovisuais, com possibilidade de forte interação, integrando o que de melhor
conhecemos da televisão (...) com o melhor da internet (...) Tudo isso exige
uma pedagogia muito mais flexível, integradora e experimental. (MORAN 2012, p.
36)
Portanto, ao elaborar as atividades sobre meio ambiente e TICs a
professora realizou estudos teóricos, aprendeu a utilizar os recursos
tecnológicos através da prática e auxiliou os estudantes na elaboração e edição
dos vídeos. Os referenciais teóricos subsidiaram as ações aqui apresentadas e a
partir delas surgiram reflexões sobre a prática docente.
Entendendo-se que a crescente evolução e desenvolvimento das TICs exige
que os educadores busquem atualização e aprendam a utilizá-las, a fim de poder
fazer uso delas em suas aulas, descobrindo quais ferramentas didáticas auxiliam
sua prática e despertam o interesse e o entusiasmo dos estudantes.
Nessa perspectiva se faz importante o papel do professor como mediador e
orientador, auxiliando os estudantes na busca pelo conhecimento de forma eficaz
e não apenas de informação isolada e descontextualizada, muitas vezes
distorcida e diferente da realidade.
Consequentemente, a escola e as instituições de ensino precisam oferecer
espaços para que educadores e estudantes tenham acesso as TICs e aprendam a
utilizá-las em sala de aula.
As ações educativas, dentre elas a construção de materiais didáticos,
baseadas nos princípios da educação ambiental possibilitam à formação de
atitudes ecológicas que contribuem para a formação integral dos estudantes.
Assim sendo, o material didático elaborado apresenta o roteiro de atividades
desenvolvido – disponível através de um QR Code, e as fichas com os QR Codes
dos vídeos produzidos pelos estudantes durante o desenvolvimento das ações
didáticas.
Reflexões sobre Meio Ambiente e TICs
A relação entre ser humano e meio ambiente evidenciam “as contradições
entre usufruir os bens do ambiente natural e mantê-los intocados ou a
possibilidade de usá-los sem destruí-los para a própria sobrevivência humana
reduzem a complexidade do problema ambiental” (SILVA, 2007, p. 155 apud MARANDINO, SELLES e FERREIRA, 2009,
p. 179).
Portanto, para Lindner (2012) a educação ambiental precisa ser entendida
como uma nova filosofia de vida e não apenas como “uma educação apenas
ecológica que busca, no conhecimento das relações entre os seres vivos e seu
ambiente natural, explicações parciais para fatos observáveis” (p. 15). Assim,
a educação ambiental torna as pessoas esclarecidas, conscientes e capazes de
opinar sobre o meio ambiente e as ações que podem alterá-lo influenciando suas
vidas.
De acordo com essa visão, é tarefa da escola trabalhar a educação
ambiental em seu currículo possibilitando aos estudantes “apropriar-se de seu
ambiente, internalizando suas ações e formando com ele um sistema orgânico e
equilibrado” (LINDNER, 2012, p. 17).
Carvalho (2004) pressupõe o desenvolvimento de capacidades e
sensibilidades para identificar e compreender os problemas ambientais através
da mobilização e do comprometimento dos estudantes, utilizando-se da
competência de tomar decisões voltadas à melhoria da qualidade de vida e
implicando uma responsabilidade ética, social e ambiental.
De tal modo, como a temática ambiental, o uso das TICs também está
presente no cotidiano dos estudantes e incide fortemente na escola, aumentando
o desafio de educar. Para Marandino, Selles e Ferreira (2009) esse desafio
estimula o docente a promover ações que proporcionem aos estudantes “um
desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que
adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo” (p.
10).
Para as autoras, as TICs
penetram na escola de forma pacífica ou às vezes
promovendo rupturas, exigindo novos espaços, nova formação dos profissionais,
novas relações entre pessoas e destas com o conhecimento, ou seja, provocando
mudanças em diversos elementos da cultura escolar. Essas novas tecnologias
educativas, geradas em outros contextos, carregam também outras culturas, uma
forma particular de produção e de apropriação de saberes. (MARANDINO, SELLES e FERREIRA, 2009, p. 172)
Segundo Chaves (1999, p. 1) a tecnologia é descrita como “qualquer
artefato, método ou técnica criado pelo homem para tornar seu trabalho mais
leve, sua locomoção e sua comunicação mais fáceis, ou simplesmente sua vida
mais satisfatória, agradável e divertida”. Destacando que são utilizadas na
educação apenas “as tecnologias que amplificam os poderes sensoriais do homem”,
que “estendem a sua capacidade de se comunicar com outras pessoas” e que “aumentam
os seus poderes mentais: sua capacidade de adquirir, organizar, armazenar,
analisar, relacionar, integrar, aplicar e transmitir informação” (CHAVES, 1999,
p. 1).
Entende-se que a palavra tecnologia vem acompanhada de vários conceitos
e se acredita que é possível relacioná-la com a prática docente, desde que seus
objetivos estejam claramente especificados e que se usem as TICs em benefício
da aprendizagem.
Segundo Gabriel (2013, p.110), as TICs atuais provocam uma vertiginosa
necessidade de superação constante de saber, de modo que devemos buscar novos
caminhos de abertura e fluência do conhecimento para encontrarmos pontos de
equilíbrio dinâmicos, tanto para alunos como para professores. Visto que as
TICs estão cada vez mais presentes na escola e são um recurso viável e muito
interessante para ser utilizado na sala de aula. O autor elucida que:
Com as tecnologias atuais, a escola pode transformar-se em conjunto de
espaços ricos de aprendizagens significativas, presenciais e digitais, que
motivem os alunos a aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem
proativos, a saber tomar iniciativas e interagir. (MORAN, 2013, p. 31)
Portanto, evidencia-se a partir dos vídeos produzidos os conhecimentos
adquiridos pelos estudantes e relacionados aos conceitos de educação ambiental.
Uma reflexão sobre a prática docente e o uso das TICs nas atividades desenvolvidas
também foram corroboradas, visto que:
Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados
praticamente por todos os ramos do conhecimento. As descobertas são
extremamente rápidas e estão a nossa disposição com uma velocidade nunca antes
imaginada. (...) Em contrapartida, a realidade mundial faz com que nossos
alunos estejam cada vez mais informados, atualizados e participantes deste
mundo globalizado. (KALINKE, 1999, p. 15)
Para conseguir acompanhar esses avanços tão significativos é necessário se
pensar em técnicas, formas e maneiras criativas de se utilizar as TICs em nosso
benefício na prática educativa.
Gabriel (2013, p. 7), destaca que as TICs “não afetam apenas os
modos de vermos as coisas, mas afetam principalmente nossos modelos e
paradigmas” e, consequentemente, “as expectativas e os relacionamentos
educacionais sofrem as mesmas modificações significativas e perceptíveis que
têm ocorrido em nossas vidas cotidianas”.
Para Lévy (2010), as TICs se
adaptam a uma pedagogia ativa. Deste modo, o autor destaca o papel fundamental
do envolvimento do professor e dos alunos no processo de aprendizagem ao dizer
que “quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um
conhecimento, mas ela irá integrar e reter aquilo que aprender” (LÉVY, 2010, p.
40).
Por
conseguinte, há também inúmeras possibilidades de interação entre o mundo
virtual e o mundo físico, estando a escola no meio dessa disputa. Assim, as
TICs, aliadas à educação, podem promover mudança de atitude e permitir aos
estudantes aprendizados intrínsecos, considerando que há uma mudança de
paradigma educacional. Assim sendo, é preciso repensar a educação, pois as
pessoas e os saberes são diversos, não existindo uma única forma de ensinar e
de aprender. Além disso, diariamente, descobrimos novos conhecimentos, tendo as
TICs papel fundamental nesse processo.
Considerações Finais
Acredita-se que essas atividades sobre meio ambiente usando TICs, desenvolvidas
nas aulas de Ciências, são necessárias e que todos os envolvidos no processo
educativo devem realizar práticas pedagógicas que caminhem para a consciência
ambiental e para um ensino de qualidade. Ações como a aqui apresentadas podem
ser utilizadas para desenvolver competências relacionadas a educação ambiental,
possibilitando que os estudantes pesquisem e expressem suas percepções sobre o
ambiente que os cerca.
Em relação aos dados obtidos nas atividades desenvolvidas, existem
evidências que indicam o interesse e participação dos estudantes, pois eles
conseguiram realizar de forma satisfatória as atividades propostas e relataram à
professora o interesse em repetir esse tipo de prática. Segundo eles por meio da
produção dos vídeos é possível entender melhor e aprendem mais, como, por
exemplo, o comentário a seguir: “aprendemos
um pouco mais sobre tudo que acontece no nosso dia a dia e que às vezes nem
ligamos ou nos damos conta da importância do ambiente que nos cerca”. Outro
comentário interessante é descrito a seguir: “ao escolher um assunto e pesquisar para fazer o vídeo estamos
conhecendo mais sobre o meio ambiente e descobrindo muita coisa interessante”.
Assim, a construção dos vídeos possibilitou o
desenvolvimento de aprendizagens a partir da internalização de conceitos
pesquisados e da capacidade de síntese e de criação de argumentos e de uma
atividade (criação de vídeo) que demandava o uso das TICs. Assim, o movimento
do intersubjetivo ao intrasubjetivo (de internalização do conceito), a mediação
da professora, o estudo de textos e a produção dos vídeos acompanhadas pela
pesquisa indicam contribuições ao desenvolvimento cognitivo dos sujeitos, visto
que as inter-relações envolvidas na apropriação do conceito de meio ambiente
permitem novas interpretações ao contexto social em que sujeitos estão
inseridos.
Eles ainda contribuíram com suas habilidades e criatividade para
enriquecer o trabalho; por exemplo, os estudantes acrescentaram trilha sonora e
outros recursos tecnológico na criação dos vídeos, tornando interessante o resultado
de suas produções sobre o meio ambiente.
Outro dado relevante foi a escolha dos temas dos vídeos e o envolvimento
dos estudantes com a tarefa a ser realizada. Os alunos buscaram temas que
faziam referências ao meio ambiente e, o mais importante, que correlacionassem
esses assuntos com a comunidade onde vivem (município).
Logo, este trabalho gerou um legado em que os alunos poderão fazer uso
em diversos momentos de suas vidas, tanto no ambiente escolar como em sua comunidade,
ampliando assim sua relação e conhecimento sobre essa temática.
A presença das tecnologias na vida dos estudantes, invade todos os
espaços, tanto em casa como na escola; promovendo diversas transformações,
principalmente na linguagem e na comunicação, afetando “os modos de expressão e
comunicação em todos os âmbitos, inclusive em campos tão vitais quanto a
construção de si mesmo, as relações com os outros e a formulação do mundo” (SIBILIA,
2012, p.63). Nesse sentido, a escola se vê diante da necessidade de “chamar” os
estudantes para o processo de ensino, procurando envolvê-los em assuntos que
atraiam seu interesse e que promovam aprendizagens.
Portanto, ao se trabalhar a temática da educação ambiental através do
uso das TICs, considera-se se tratar de um assunto com grande amplitude e que
faz parte da vida dos estudantes. Assim, ao se fazer o uso da ferramenta QR Codes
observou-se maior facilidade de problematizar o saber ambiental de cada
indivíduo, apresentando no suporte digital uma perspectiva em que os estudantes
pudessem apropriar-se das TICs e utilizá-las para construção de suas “atitudes
ecológicas”.
A partir da discussão sobre o tema e da construção dos vídeos os estudantes
perceberam a importância da Consciência Ambiental e da Preservação do Meio
Ambiente. Assim sendo, constatou-se que os eventos do cotidiano da sala de aula
serviram para evidenciar o envolvimento com as atividades desenvolvidas, uma
reflexão sobre a temática meio ambiente e o uso das TICs – especialmente vídeos
e QR Codes – na produção do conhecimento escolar e da aprendizagem dos
estudantes.
Referências:
BRASIL. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998. – Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf – acesso em 11. ago. 2017.
CARVALHO, Isabel
Cristina M. Educação ambiental: a
formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2004.
CHAVES, Eduardo O C. A tecnologia e a educação. Rio de
Janeiro, 1999. Disponível em: http://www.educacao.pro.br – acesso em 25.
nov. 2017.
GABRIEL, Martha. Educar: a (r)evolução digital na educação, São
Paulo: Saraiva, 2013.
KALINKE, Marco Aurélio. Para não ser um professor do século
passado. Curitiba: Gráfica Expoente, 1999.
LEFF, Enrique. Saber ambiental. Petrópolis: Vozes,
2002.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o
futuro do pensamento na era da informática. Tradução Carlos Irineu da Costa. 2
ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2010.
LINDNER, Edson Luiz. Refletindo
sobre o ambiente. in LISBOA, Cassiano
Pamplona et al. Org. Educação ambiental: da teoria à
prática. Porto Alegre: Mediação, 2012.
MARANDINO, Martha;
SELLES, Sandra Escovedo e FERREIRA, Marcia Serra. Ensino de biologia: histórias e práticas em diferentes espaços
educativos. São Paulo: Cortez, 2009.
MORAN, José Manoel. A educação que desejamos: novos desafios e
como chegar lá. 5 ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
––––––. Novas tecnologias e mediação pedagógica.
21 ed. Campinas, SP: Papirus, 2013.
SIBILIA,
Paula. Redes ou paredes: a escola em
tempos de dispersão. Rio de Janeiro, Contraponto, 2012.
SILVA,
José Luiz da, et.al. A utilização de
vídeos didáticos nas aulas de química. Química Nova na escola, vol. 34, n.
4, p. 189-200, 2012. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/dezembro2012/quimica_artigos/videos_didaticos_aulas_quimica.pdf
– acesso em: 24. set. 2017.
Carla Adelina Inácio de Oliveira[1] – UFPEL/SEDUC-RS
[1] Mestre em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM/UFPEL) e professora de Ciências da rede pública estadual do Rio Grande do Sul (SEDUC/RS) – carlaami.quimica@gmail.com.
[2] https://www.youtube.com/watch?v=EZsiiAvFtMU&index=1&list=WL – acesso em 20/06/2017
[3] https://www.youtube.com/watch?v=5XqfNmML_V4&index=2&list=WL – acesso em 20/06/2017
__________________________________________________________________________________
Material Didático apresentado no VII ENEBIO (Encontro Nacional de Ensino de Biologia), realizado de 03 a 06 de setembro de 2018, na Universidade Federal do Pará – Campus Belém. Site do evento: http://eventos.idvn.com.br/enebio2018/home
Nenhum comentário:
Postar um comentário